quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Foi com 16 anos que eu percebi que a felicidade não passava de mais uma ilusão e que ser feliz era como usar drogas, somente o pico de uma onda boa, que durava pouco tempo e que após seu término me deixava para baixo. Bem baixo. No chão.
Eu nasci um camaleão com a necessidade gritante de viver mudando. Eu procurava um lar e quando achava, o destruía. Destruição se tornou a única forma de sobrevivência, pois tudo já havia sido criado e para ser diferente e me sentir viva, eu precisava encontrar novas formas de destruição. Eu descobri, depois de pular de mundo em mundo, de droga em droga, de namorado em namorado e de roupa em roupa, que meu estado normal era a tristeza e pronto, e que a felicidade não passava de uma simples casualidade. Desde que tal pensamento cruzou minha mente, resolvi abraçá-lo e fazer de tudo para provar para mim mesma que eu estava certa. Se não houvesse algo errado eu encontraria, e em vez de tentar consertar o erro, eu construiria barreiras das lágrimas que meus olhos produziriam.
Eu achava que, se eu chorasse o suficiente, iria conseguir colocar todas as minhas dores para fora, mas eu não conseguia, porque no fundo, talvez, eu acho que eu não queria. De tal pensamento fracassado surgiu meu segundo plano; me cortar para colocar as dores para fora.
Descobri nas facas, nos estiletes, nos dentes de pentes, nas tesouras, nas giletes, nos tic-tacs de cabelo, nas pinças ou em qualquer objeto com ponta uma heroína instantânea. Quando o sangue jorrava dos meus braços, a pele doía, e quando a pele doía, ela amenizava a dor que minha mente e meu coração estavam contemplando. Em um impulso compulsivo, eu transformava a dor emocional rapidamente em dor física - o que é muito mais fácil de aguentar. A dor física desaparecia e tudo ficava melhor. Era como se eu estivesse em transe, saindo do meu corpo e me olhando de fora, anestesiando toda a dor, voando livremente como uma borboleta feliz, usando o sangue da minha pele como remédio para minha cabeça. Pouco me importava ter futuras cicatrizes, essas eram facéis de esconder. As feridas internas acabaram virando indescritíveis, impossível de aguentar, óbvias, estampadas em todos os meus menores movimentos. Cortar-me era um alívio de poucos minutos e algo mais para minha coleção de ilusões, mas funcionava. O sangue me dava espaço para respirar.....





Dói. Dói muito. E esses momentos na minha cabeça pioram tudo!
Olhar a sua escova de dente do lado da minha me fez chorar, começar e não conseguir parar mais. Me sinto fraca, frágil... totalmente nas suas mãos... querendo correr pros seus braços. Querendo deitar no seu peito e esquecer o resto do mundo, esquecer de toda a dor, de todo o sofrimento e só pensar na gente, no agora, e no quanto somos felizes juntos.
Dói. Dói muito. E cada vez dói mais.............................

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